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Grupos de reisado buscam inspirar jovens a manter tradições

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O toque da zabumba, os versos, as cantorias, as cores das roupas, a dança e o legado dos mais velhos… Tudo encantou os olhos de Cícera Flatenara desde a infância. Hoje, aos 27 anos de idade, a cearense nascida e moradora de Juazeiro do Norte é mestra do reisado, manifestação cultural que celebra o nascimento de Cristo e a visita dos reis Magos ao “Menino Deus”.

A data de 6 de janeiro, Dia de Reis, que é o mais importante para a festividade, tem dois sentidos para ela. Antes, de celebração. Mas, agora, também de dor. O pai dela, mestre Cicinho (Cícero da Silva, de 44) foi assassinado neste dia, no ano passado, enquanto preparava o evento. Mesmo em luto, ela diz que tem a missão de inspirar outros jovens a participarem do reisado e fazer com que mais olhos brilhem, como ocorreu com ela, pela arte do pai.

 


Brasília (DF), 05/01/2025 - Cícera Flatenara. Dia de Reis. Foto: Cícera Flatenara/Arquivo Pessoal
Brasília (DF), 05/01/2025 - Cícera Flatenara. Dia de Reis. Foto: Cícera Flatenara/Arquivo Pessoal

Cícera Flatenara (de vermelho) é mestra do reisado em Juazeiro do Norte (CE) – Cícera Flatenara/Arquivo Pessoal

Mestre Cicinho era do Reisado de Manuel Messias. A filha abraçou o legado e segue com o grupo. Ela aprendeu tudo com o pai, inclusive porque ele criou também um grupo para filha para que ela abraçasse a missão de fazer com que a cantoria nunca findasse. “Foi meu pai que me incentivou, ensinou, e fez crescer. A gente montou um grupo de reisados chamado Mirim Santos Expedito”, diz. Ela explica que o pai tirou dinheiro do próprio bolso para fazer as roupas e os instrumentos. Hoje pelo menos 30 crianças e adolescentes participam das atividades.

“As crianças veem o colorido e pedem para brincar. Hoje eu passo para os meus dois filhos. Quando eu não estiver aqui, vai ter quem dê continuidade por mim”, conta Cícera Flatenara.

Eles já conhecem o que fazem os mestres (que coordenam o reisado), os contramestres, as personagens de  Mateus, Catirina, reis, rainha, a princesa e o príncipe, além de embaixadores, que puxam a música na hora da dança. Assim, se organiza o cordão. Os sons dos instrumentos de percussão e corda se misturam para encanto de quem aprecia a tradição.

Diversidade

E pensar que mulheres, no século passado, não costumavam ser as mestras. “Mulher dançava mais o ‘guerreiro’ (de Alagoas). Meu pai foi um dos mestres que mais incentivava a participação das mulheres aqui em Juazeiro do Norte”. Já é normal às vistas dos juazeirenses quando a mestra Flatenara ‘desafia’ homens para o tradicional jogo de espadas, em uma coreografia que impressiona quem está na roda. “O rei vai proteger a rainha e o príncipe no trono. Ele tem o dia todo para proteger a realeza do reisado e não deixar ninguém vir tomar.” 

Um dos pares no jogo de espadas de Flatenara é o mestre Antônio Candido, de 35 anos, também conhecido na tradição da região. “Nosso foco é manter a tradição dos reisados como surgiram na região do Cariri, ao som da viola [do reisado de Congo)] e do maracá”. Ele celebra que a filha de 15 anos também já participa da festa e já fez até o papel de rainha. O mestre enfatiza que essa é uma tradição nas comunidades tradicionais no período natalino, com participantes nas portas das casas, nas ruas, louvando o sagrado.

Ele é ligado ao Reisado Santo Antônio e faz ensaios todas as terças-feiras.

“Meu grupo é pequeno, a gente só tem 18 pessoas. O reisado, para mim, é alegria, amor e esperança de um futuro melhor. Isso é o que a gente passa aos mais jovens”, afirma Antônio Candido.

Em sua memória, a manifestação está vinculada ao som da zabumba, caixa e pífano, mas também à viola, que faz parte da tradição local. Outra ação é a “queima da lapinha”, que são as folhagens secas levadas ao fogo a fim de simbolizar as esperanças de cada pessoa. “Essas tradições são importantes para mim desde a minha infância.”

 


Brasília (DF), 05/01/2025 - Mestre Antônio Cândido. Dia de Reis. Foto: Antônio Cândido/Arquivo Pessoal
Brasília (DF), 05/01/2025 - Mestre Antônio Cândido. Dia de Reis. Foto: Antônio Cândido/Arquivo Pessoal

Mestre Antônio Cândido diz que trabalha para manter a tradição dos reisados – Antônio Cândido/Arquivo Pessoal

Desafio

Referência de sons para Antônio Candido foi o mestre Nando, nome artístico do amigo violeiro Francisco Valmir da Silva Santos, de 45 anos, que aprendeu o reisado na zona rural. Ele entende que, apesar das tradições, há dificuldades de manter o reisado vivo. “Chega a ser um desafio por conta da internet. Existem brincantes jovens ou até adultos que não querem mais. Nós, que mantemos o reisado de Congo legítimo sempre convidamos os jovens a levar em frente esse folguedo do reisado.”

Ele observa que, nas escolas, as apresentações não são contínuas e existem dificuldades para que projetos sejam contemplados em editais públicos. “Quando a cultura vai para a escola, os alunos tornam-se novos aprendizes dos reisados. Principalmente para formar novos tocadores de viola ou violão”, diz. Mestre Nando explica que, mesmo com as características particulares de cada estado, os reisados têm semelhanças pelo país.

De norte a sul

A 3,6 mil quilômetros de distância de Juazeiro do Norte, a preocupação de fazer com que o reisado siga forte está em grupos na cidade de Esteio (RS), que chamam a exibição de “terno de reis”. O acordeonista Gabriel Romano, de 37 anos, diz que aprendeu com o avô, mas teme que a tradição caia no esquecimento. “Na tradição, o terno de reis vai até uma casa sem avisar. A gente chega e começa a cantar na porta até a pessoa ouvir e convidar para entrarem. A gente faz várias apresentações por dia.” Originalmente, os artistas usam o improviso. 

 


Brasília (DF), 05/01/2025 - Grupo Estrela Guia de Esteio (RS). Dia de Reis. Foto: Grupo Estrela Guia de Esteio/Divulgação
Brasília (DF), 05/01/2025 - Grupo Estrela Guia de Esteio (RS). Dia de Reis. Foto: Grupo Estrela Guia de Esteio/Divulgação

Acordeonista Gabriel Romano integra grupo Estrela Guia de Esteio (RS) – Grupo Estrela Guia de Esteio/Divulgação

Como as apresentações do reisado gaúcho do grupo de Gabriel (Estrela Guia de Esteio) são mais curtas, há uma abertura já consagrada, em uma música que usa versos como “Cristo podia nascer entre ouros e cristais, mas, para dar exemplo ao mundo, quis nascer entre animais. O de casa nobre gente, se quiser nos apreciar, abre a porta e mande entrar.” O músico entende que, mesmo pautado pela religiosidade cristã, há uma preocupação de atender um público mais diverso, inclusive para adeptos de religiões de matriz africana.

Gabriel anda feliz porque no grupo conseguiu atrair uma acordeonista de 12 anos, Anita, que é filha dele. “Ela foi vendo o terno e fazendo o movimento. A minha filha tem celular, usa internet, mas a gente incentiva ela a ter essas vivências na música. Para ela também saber que existe um mundo fora daquilo.”

Fonte: Agência EBC de Comunicação

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Familia de Mãe Bernadete move ação de R$ 11,8 milhões por danos morais

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A família da liderança quilombola Maria Bernadete Pacífico, mais conhecida como Mãe Bernadete, entrou com uma ação na Justiça que pede R$ 11,8 milhões de indenização. O processo foi movido contra a União e o governo da Bahia e a quantia seria uma reparação aos três netos da líder que presenciaram seu assassinato, ocorrido em agosto de 2023, quando tinha 72 anos de idade. Ela foi morta com pelo menos 25 tiros.

Mãe Bernadete era uma das figuras à frente das lutas de resistência do Quilombo Pitanga dos Palmares, situado na cidade de Simões Filho, região metropolitana de Salvador. Ela era yalorixá, ou seja, sacerdotisa de um terreiro de candomblé, além de exercer um papel de destaque na articulação política de sua comunidade.

De acordo com o Ministério Público da Bahia, a execução da líder consistiu em uma forma de retaliação, já que ela havia se colocado contra um grupo que pretendia construir uma barraca que serviria como ponto de venda de drogas, no interior da comunidade.

Quatro dos cinco homens denunciados pelo órgão integrariam uma facção. São eles Ydney Carlos dos Santos de Jesus, Marílio dos Santos, Arielson da Conceição Santos e Josevan Dionísio dos Santos. Estes dois últimos foram apontados como os autores dos disparos.

O quinto denunciado, Sérgio Ferreira, é padrasto de Marílio dos Santos. Sua participação teria significativo peso para o caso, pois, ao que consta, seria ele quem teria munido de informações e orientações os autores do assassinato. As autoridades também investigam um sexto homem, Carlos Conceição Santiago, acusado de ter armazenado as armas utilizadas no crime.

A Agência Brasil procurou a Advocacia-Geral da União (AGU) e o governo da Bahia e aguarda retorno.

Fonte: Agência EBC de Comunicação

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Mega-Sena sorteia nesta quinta-feira prêmio acumulado em R$ 10 milhões

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As seis dezenas do concurso 2.819 da Mega-Sena serão sorteadas a partir das 20h (horário de Brasília), no Espaço da Sorte, localizado na Avenida Paulista, nº 750, em São Paulo.

O sorteio terá transmissão ao vivo pelo canal da Caixa no YouTube e no Facebook das Loterias Caixa. O prêmio da faixa principal está acumulado em R$ 10 milhões.

As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília), nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet.

O jogo simples, com seis números marcados, custa R$ 5.


Fonte: Agência EBC de Comunicação

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Brasil tem pelo menos 9 mil estudantes trans matriculados nas escolas

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No Brasil, pelo menos 9 mil estudantes trans estão matriculados em escolas públicas das redes estaduais de ensino. Tratam-se de matrículas de estudantes com o nome social em 14 estados e no Distrito Federal. Dentre os estados analisados, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Norte tem o maior número de matrículas.

Os dados são do dossiê Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024: da Expectativa de Morte a um Olhar para a Presença Viva de Estudantes Trans na Educação Básica Brasileira, da Rede Trans Brasil.

O nome social é o nome que a pessoa travesti ou transexual prefere ser chamada. O uso do nome social é um direito garantido desde 2018, pela portaria 33/2018 do Ministério da Educação, que autoriza o uso do nome social de travestis e transexuais nos registros escolares da educação básica, para alunos maiores de 18 anos.

O dossiê, que será oficialmente lançado no próximo dia 29 nas redes sociais da organização, reúne os dados que foram obtidos através do Portal da Transparência.

No ano passado, São Paulo, com 3.451, Paraná, com 1.137 e Rio Grande do Norte, com 839, lideraram, com o maior número de estudantes trans nas redes de ensino. Os estados foram seguidos por Rio de Janeiro (780), Santa Catarina (557), Espírito Santo (490), Distrito Federal (441), Pará (285), Mato Grosso do Sul (221), Goiás (196), Alagoas (165), Mato Grosso (159), Rondônia (157), Amazonas (67) e Sergipe (58).

Além desses estados, o Maranhão apresentou apenas o total de estudantes matriculados com o nome social entre 2018 e 2014, 74 estudantes.

O levantamento mostra que apenas em cinco estados e no Distrito Federal, o número de matriculas com o nome social aumentou entre 2023 e 2024: Santa Catarina, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo e no Espírito Santo. Em Sergipe, o número se manteve. Nos demais oito estados, o número de matrículas de pessoas trans caiu.

“O nome social na educação básica é uma questão de respeito mesmo e dignidade, não é moda. É respeito e dignidade. Acredito que quando uma pessoa trans é chamada pelo nome que corresponde à sua identidade de gênero, no caso, mulher trans e travesti feminina e homens trans masculino, ela se sente acolhida e reconhecida naquele espaço”, diz a secretária adjunta de comunicação da Rede Trans Brasil, Isabella Santorinne.

Santorinne ressalta que o respeito faz também com que os estudantes continuem os estudos e não abandonem a escola. Dados da pesquisa Censo Trans também da Rede Trans Brasil mostra que de um grupo selecionado de 1,1 mil mulheres trans, a maior parte, 63,9% não possuíam o ensino médio completo. Dentre elas, 34,7% não chegaram a concluir sequer o ensino fundamental.

“Uma educação mais diversa, inclusive, é essencial para combater preconceitos, construir um ambiente onde todos possam aprender e conviver com respeito, independente da identidade de gênero, orientação sexual, raça, cor. Eu acredito também que ensinar sobre diversidade nas escolas também é preparar os alunos para sociedade”, defende, Santorinne.

Além dos dados da educação básica, o dossiê também mostra que, no Brasil, 105 pessoas trans foram mortas em 2024. Apesar de o país ter registrado 14 casos a menos que em 2023, ainda segue, pelo 17º ano consecutivo, sendo o que mais mata pessoas trans no mundo.

Fonte: Agência EBC de Comunicação

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