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Costa do Marfim e Senegal anunciam saída de militares franceses

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A exemplo de outras nações africanas, os chefes de Estado da Costa do Marfim e do Senegal anunciaram planos para acabar com a presença militar da França em seus países em 2025. Para especialistas consultados pela Agência Brasil, as ex-colônias francesas buscam afirmar sua soberania nacional frente ao antigo colonizador que, após as independências, seguiu com forte influência econômica, política e militar na região.

O presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, em pronunciamento à nação no último dia de 2024, anunciou o fim da presença militar estrangeira no país africano.

“Já pedi ao ministro das Forças Armadas que proponha uma nova doutrina de cooperação em defesa e segurança envolvendo, entre outras consequências, o fim de todas as presenças militares de países estrangeiros no Senegal, a partir de 2025”, afirmou Faye, que já vinha defendendo o fechamento de todas as bases militares da França no país.

Anúncio semelhante fez o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, também no pronunciamento de fim de ano feito à população. Segundo Ouattara, a Costa do Marfim está disposta a assumir plenamente a gestão da sua segurança nacional.

“Nos orgulha nosso exército, cuja modernização já está em vigor. É neste contexto que decidimos pela retirada concertada e organizada das forças francesas da Costa do Marfim. O acampamento do 43º batalhão de infantaria de fuzileiros navais de Port-Bouët será entregue às Forças Armadas da Costa do Marfim a partir deste mês de janeiro de 2025”, destacou o mandatário costa-marfinense.

Com isso, a Costa do Marfim se une a lista de ex-colônias africanas da França que põe fim a presença militar do país europeu nos seus territórios. Nos últimos anos, Níger, Burkina Faso, Chade e Mali também decidiram acabar com a presença militar francesa nos seus países. 

Descolonização

O professor de relações internacionais e defesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Elídio A. B. Marques, destacou que esses países da África francófona mantiveram, mesmo após as independências nos anos 1960, uma forte dependência francesa, tanto econômica, quanto militar.

“Esse poder neo-imperialista se expressou fortemente no campo militar com ‘acordos de cooperação’ que significavam a forte presença militar e tecnológica da França nesses territórios”, explicou Elídio, acrescentando que essa situação criou um forte sentimento antifrancês na população.

Marques avalia os fracassos das intervenções militares francesas nesses países, nos últimos anos, levaram ao fortalecimento dos movimentos nacionalistas que questionam a presença militar estrangeira. 

O pesquisador do Observatório de Política Externa Brasileira (Opeb) da Universidade Federal do ABC (UFABC), Bruno Fabricio Alcebino da Silva, lembrou que foi muito criticada a Operação Barkhane, iniciada em 2014 para combater o terrorismo na região com a participação da França. 

“Em vez de reduzir a violência, a operação coincidiu com uma escalada de conflitos armados e crises humanitárias, alimentando críticas de que a França utiliza o pretexto da segurança para manter sua influência estratégica e proteger interesses econômicos na região”, avaliou.

Para o especialista, esse movimento de saída dos militares franceses da África está inserido em um contexto maior de descolonização prática, em que as nações africanas buscam redefinir suas relações com antigas potências coloniais.

“A África francófona, historicamente submetida à hegemonia francesa, está agora se posicionando como um espaço de contestação e transformação em busca de maior independência política, econômica e cultural”, completou.

Novos desafios

O professor da UFRJ Elídio Marques pondera que a França, e demais grandes potências, não devem observar essas mudanças de braços cruzados. “Tanto mais porque no interior da França a pressão exercida pela extrema direita e refletida concretamente pelos últimos sucessivos governos não é pequena”, explicou.

Para o pesquisador da UFABC, Bruno Fabricio Alcebino da Silva, os países africanos terão grandes novos desafios daqui para frente com a saída dos militares franceses.

“O fim do neocolonialismo, seja por meios democráticos ou autoritários, é um passo essencial para a soberania africana. No entanto, a retirada das potências coloniais não encerra as disputas pelo Continente. Potências como China e Rússia, além das antigas potências coloniais, continuam a competir pela exploração de recursos naturais e influência política, desafiando a verdadeira autonomia dos países africanos”, finalizou.

Entenda

Nos últimos anos, levantes ou golpes militares de cunho nacionalista assumiram o poder em países como Burkina Faso e Níger, aumentando a pressão para saída dos militares franceses da região.

Em setembro de 2023, os governos do Mali, Burkina Faso e Níger formaram um pacto de segurança e criaram a Aliança dos Estados do Sahel (AES) para se protegerem mutualmente em caso de rebeliões ou agressão externa, segundo informou a Reuters

Os países da região lutam para conter insurgentes islâmicos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico. Além disso, países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas) ameaçaram usar a força contra o Níger após um grupo militar assumir o controle do Estado, em julho de 2023.

Fonte: Agência EBC de Comunicação

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Mega-Sena sorteia nesta quinta-feira prêmio acumulado em R$ 10 milhões

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As seis dezenas do concurso 2.819 da Mega-Sena serão sorteadas a partir das 20h (horário de Brasília), no Espaço da Sorte, localizado na Avenida Paulista, nº 750, em São Paulo.

O sorteio terá transmissão ao vivo pelo canal da Caixa no YouTube e no Facebook das Loterias Caixa. O prêmio da faixa principal está acumulado em R$ 10 milhões.

As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília), nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet.

O jogo simples, com seis números marcados, custa R$ 5.


Fonte: Agência EBC de Comunicação

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Brasil tem pelo menos 9 mil estudantes trans matriculados nas escolas

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No Brasil, pelo menos 9 mil estudantes trans estão matriculados em escolas públicas das redes estaduais de ensino. Tratam-se de matrículas de estudantes com o nome social em 14 estados e no Distrito Federal. Dentre os estados analisados, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Norte tem o maior número de matrículas.

Os dados são do dossiê Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024: da Expectativa de Morte a um Olhar para a Presença Viva de Estudantes Trans na Educação Básica Brasileira, da Rede Trans Brasil.

O nome social é o nome que a pessoa travesti ou transexual prefere ser chamada. O uso do nome social é um direito garantido desde 2018, pela portaria 33/2018 do Ministério da Educação, que autoriza o uso do nome social de travestis e transexuais nos registros escolares da educação básica, para alunos maiores de 18 anos.

O dossiê, que será oficialmente lançado no próximo dia 29 nas redes sociais da organização, reúne os dados que foram obtidos através do Portal da Transparência.

No ano passado, São Paulo, com 3.451, Paraná, com 1.137 e Rio Grande do Norte, com 839, lideraram, com o maior número de estudantes trans nas redes de ensino. Os estados foram seguidos por Rio de Janeiro (780), Santa Catarina (557), Espírito Santo (490), Distrito Federal (441), Pará (285), Mato Grosso do Sul (221), Goiás (196), Alagoas (165), Mato Grosso (159), Rondônia (157), Amazonas (67) e Sergipe (58).

Além desses estados, o Maranhão apresentou apenas o total de estudantes matriculados com o nome social entre 2018 e 2014, 74 estudantes.

O levantamento mostra que apenas em cinco estados e no Distrito Federal, o número de matriculas com o nome social aumentou entre 2023 e 2024: Santa Catarina, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo e no Espírito Santo. Em Sergipe, o número se manteve. Nos demais oito estados, o número de matrículas de pessoas trans caiu.

“O nome social na educação básica é uma questão de respeito mesmo e dignidade, não é moda. É respeito e dignidade. Acredito que quando uma pessoa trans é chamada pelo nome que corresponde à sua identidade de gênero, no caso, mulher trans e travesti feminina e homens trans masculino, ela se sente acolhida e reconhecida naquele espaço”, diz a secretária adjunta de comunicação da Rede Trans Brasil, Isabella Santorinne.

Santorinne ressalta que o respeito faz também com que os estudantes continuem os estudos e não abandonem a escola. Dados da pesquisa Censo Trans também da Rede Trans Brasil mostra que de um grupo selecionado de 1,1 mil mulheres trans, a maior parte, 63,9% não possuíam o ensino médio completo. Dentre elas, 34,7% não chegaram a concluir sequer o ensino fundamental.

“Uma educação mais diversa, inclusive, é essencial para combater preconceitos, construir um ambiente onde todos possam aprender e conviver com respeito, independente da identidade de gênero, orientação sexual, raça, cor. Eu acredito também que ensinar sobre diversidade nas escolas também é preparar os alunos para sociedade”, defende, Santorinne.

Além dos dados da educação básica, o dossiê também mostra que, no Brasil, 105 pessoas trans foram mortas em 2024. Apesar de o país ter registrado 14 casos a menos que em 2023, ainda segue, pelo 17º ano consecutivo, sendo o que mais mata pessoas trans no mundo.

Fonte: Agência EBC de Comunicação

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Chuvas colocam São Paulo em estado de alerta para alagamentos

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A Defesa Civil colocou toda a cidade de São Paulo em estado de alerta para alagamentos por causa das fortes chuvas que atingiram a capital no final da tarde de hoje (22). O alerta funcionou até as 18h40, quando as chuvas perderam intensidade.

As chuvas foram mais intensas na zona leste, na região da Subprefeitura de Aricanduva e Vila Formosa, onde foi registrado até queda de granizo. De acordo com os Bombeiros, houve 13 chamados para quedas de árvores na capital e na região metropolitana de São Paulo.

Os maiores acumulados de chuvas, informou a Defesa Civil, foram registrados na região oeste da região metropolitana de São Paulo, principalmente nos municípios de Itapecerica da Serra e Embu-Guaçu.

Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas de São Paulo, as chuvas foram formadas por áreas de instabilidade vindas do interior, formadas pelo calor e a entrada da brisa marítima, que atuaram com moderada e forte intensidade na capital paulista

Para as próximas horas, informou o CGE, são esperadas apenas chuvas fracas e isoladas, o decorrer da noite e madrugada seguem sem previsão de chuvas.

No restante do estado houve chuva moderada ou forte principalmente nas regiões de Itapeva, Vale do Ribeira e Sorocaba, informou a Defesa Civil.


Fonte: Agência EBC de Comunicação

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