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Cursinho em periferia de PE amplia horizontes de professores e alunos
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Luiz Claudio FerreiraNa estrada de Jadson Franklin, de 21 anos, a paisagem reveste-se de sol a pino, asfalto quente e barulhos que atravessam a janela e a memória. Ele segue o caminho com pressa no olhar e livros nas mãos. No percurso de quase 100 quilômetros da cidade em que vive, na agrestina Bom Jardim (PE) para a litorânea Recife, o estudante de Letras da Universidade de Pernambuco (UPE) tem compromisso que o soergue e o emociona a cada sábado. Ele se transforma em professor voluntário em um curso pré-vestibular gratuito no bairro do Ibura, na periferia da capital pernambucana.
Percorrer a estrada para uma ação de solidariedade consiste, para ele, em um exercício de gratidão e esperança. A cada dia de aula, chegam a ele sentimentos que não podem ser traduzidos com exatidão pela Gramática, a disciplina que ele ensina para mais de 100 jovens que vivem em vulnerabilidade no bairro em que moram mais de 50 mil pessoas. O Pré-Vestibura, criado pela própria comunidade, é um exemplo de projeto social nascido para enfrentar limitações.
Todos os sábados, no projeto, sobram agradecimentos por parte dos alunos (antes, durante e depois das aulas), inclusive neste dia 11, Dia Internacional do Obrigado. Nessa estrada, as “recompensas” em forma de abraços e “obrigados” surgiram para além do que imaginava quando foi convidado para ser professor por uma amiga do curso.
Os primeiros das famílias
Inscrevem-se estudantes que não têm dinheiro para pagar ensino privado, mas sonham, em geral, em serem os primeiros de suas famílias a chegarem ao ensino superior. Como foi o caso do próprio Jadson, com pai, pedreiro, e a mãe, doméstica.
Foi essa família “extremamente humilde”, como ele define, e também os mestres que conheceu no caminho que o impulsionaram a atravessar a estrada do conhecimento. O caminho faz lembrar versos do conterrâneo João Cabral de Melo Net (1920 – 1999) na poesia “Duas Águas”. “Lado a lado com gente/no meu andar sem rumor/Não é estrada curta/mas é a estrada melhor/porque na companhia de gente é que sempre vou”.
“Eu costumo dizer que eu sou fruto da educação da minha família e da boa vontade de muitos professores que passaram por minha vida”. Ele, que sempre estudou em rede pública, pensava que os professores poderiam chegar em sala de aula e se restringir em transmitir os conteúdos.
“Mas muitos iam além. Chegavam a mim e me encorajavam. Hoje, do lugar que estou, posso fazer um pouco do que fizeram por mim, como se fosse uma reparação”. Ele passou a enxergar na estrada de outros estudantes os mesmos solavancos que enfrentou para chegar ao ensino superior. Desconfianças, preconceitos, tempo escasso para estudar atravessado pela necessidade de emprego, ainda que precário… Hoje, para se manter, participa de projetos acadêmicos que rendem bolsas para pesquisa.
Espaço público
O curso pré-vestibular funciona atualmente numa estrutura municipal, o auditório do Centro Comunitário da Paz (Compaz) no Ibura, cedida para o projeto, que nasceu no ano de 2020. A ideia foi criada a partir de conversas de amigos sensíveis às dificuldades da comunidade. Em 2025, estão abertas 130 vagas (que é o número de cadeiras disponíveis no auditório utilizado).
Um dos criadores da iniciativa, o universitário Wilber Mateus, estudante e professor de História, de 26 anos de idade, tem a expectativa de que mais de mil pessoas se inscrevam. Para selecionar, a equipe leva em conta informações dos candidatos que demonstram comprometimento com as aulas. Um princípio do projeto, segundo ele, é que o trabalho coletivo pode ser um alicerce de transformação. Ele próprio também tem um caminho de correrias. Precisa equilibrar o tempo entre o curso universitário e o dia a dia de quem trabalha de “faz-tudo” numa pizzaria do bairro. Criado pela mãe garçonete e pela avó, doméstica, Wilber sabe que cada segundo de esforço precisa ser valorizado. “Eu trabalho para conseguir uma estabilidade melhor”. Ele sabe que essa é uma realidade da maioria dos estudantes: buscar não desistir dos estudos por causa da carga elevada de trabalho para pagar as contas.
A idealizadora do projeto foi a universitária de ciências sociais Barbara Kananda, hoje com 25 anos, nascida e criada na mesma comunidade. “Acabei me enxergando numa realidade em que a maioria de nós, jovens de periferia, precisa sair do nosso bairro para o centro para poder estudar em um cursinho”. Foi ela que fez a organização das aulas e buscou espaço para que tudo acontecesse. “Hoje eu faço parte da administração e busco ações e parcerias para o projeto (o que inclui tentar recursos para pagar o ônibus de professores voluntários ou palestras para tratar de saúde)”.
“Eu trago para os meus alunos a conscientização de que não é sobre a discriminação do ambiente, onde os sujeitos estão, que vai definir o que eles podem ou não ser, mas é a possibilidade do acesso à educação que vai diferenciá-los enquanto sujeitos que têm ou não a consciência desse direito”.
Professor Thiago Santos, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Além do conteúdo
O Pré-Vestibura tem como foco a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas, de acordo com o que pensa Wilber, Bárbara e os professores envolvidos no projeto, a principal intenção é ampliar a visão de mundo. “Lá trabalhamos para garantir esperança a esses jovens. Escolas ultrapassadas acabam matando o sonho dos alunos. No cursinho, trabalhamos com outra dinâmica”.
Ele, inclusive, gosta de se fantasiar de personagens para fazer atividades lúdicas sobre história. Um apoio vocacional ocorrerá na semana que vem, dia 13, quando os resultados do Enem serão publicados e os alunos deverão analisar se as suas notas são compatíveis com as faculdades e cursos que desejam.
Mais do que esse tipo de apoio, há uma atenção social e psicológica, com palestras e oficinas que ajudam a valorizar os direitos humanos, com pautas sobre combate ao racismo e à homofobia, sobre necessidade de cuidados com a saúde mental e discussões sobre prevenção a vícios. Falar de si mesmo é uma aula cujo conteúdo não cai no Enem, mas pode mudar as respostas sobre cada um.
O professor de sociologia Claudio Valente, que também faz parte da equipe de coordenação do projeto, valoriza o fato que, além dos cuidados programáticos, o cursinho trate sobre as realidades de vulnerabilidade do bairro e os processos de desenvolvimento e emancipação da comunidade.
“Eu sempre fui uma pessoa muito crítica da realidade que eu vivia”, afirma. Na faculdade, recorda que ouviu da professora que não seria possível mudar o mundo. “Uma ficha caiu pra mim. Eu não poderia mudar o mundo, mas pelo menos o meu bairro eu poderia tentar”.
Ele, que foi criado por mãe solo, valorizava o que ela fazia, trabalhando como lojista em shopping e tendo pouco tempo para descanso. Durante o ensino médio, Claudio, para ajudar nas contas de casa, fazia bicos como pintor. Mas, enquanto andava pela cidade, ficava incomodado com o transporte demorado, o esgoto a céu aberto, ver amigos sendo presos e até assassinado. “Conversar sobre a realidade é fundamental para a formação intelectual e humana”, afirma. Valente se orgulha de professores atuais já terem sido alunos do cursinho.
“Olhos brilhando”
Um dos novos professores que já foi aluno do projeto é o atual universitário em engenharia da computação Thayso Guedes, de 20 anos. No cursinho, ele dá aula de matemática, uma das disciplinas mais temidas pelos vestibulares. Principalmente, segundo ele, por quem deseja seguir as carreiras de humanas e da saúde. “Acho diferente quando me chamam de professor e até de senhor, depois da aula e no meio da rua na comunidade, me pedindo ajuda com questões. Eles me agradecem. Eu fico surpreso e feliz”.
Ele estudou no cursinho em 2022 e ouviu dos professores e dos colegas de sala que poderia ter vocação para explicar o que ninguém entendia. “Eu mesmo amei o pré-vestibular porque era tudo muito interdisciplinar”, recorda. Sentiu a responsabilidade quando o professor Kleber Germano pediu que ele ajudasse os colegas nas correções dos exercícios. “Disseram de brincadeira que eu iria ser o professor do ano seguinte. Eu levei a sério e me inscrevi como professor voluntário”, sorri.
Kleber se empolgou com o pupilo. “É muito gratificante trabalhar ao lado desse rapaz com potencial grandioso”. Hoje, o ex e o novo professor dividem as aulas de matemática do cursinho. As aulas da disciplina são nos primeiros horários. Por isso, Thayso acorda antes das 7h, pega um ônibus e gosta de chegar antes de todos para deixar tudo preparado. Durante a semana, ele também estagia para conseguir recursos para manter o dia a dia e a vida de voluntário. O padrasto é autônomo e a mãe, doméstica. Ele não vê a hora de se formar, conseguir um trabalho remunerado, mas não pretende deixar a vida de doação aos sábados.
Também ex-aluna do pré-vestibular, Maysa Ribeiro, de 20 anos, universitária de enfermagem, foi convidada para ensinar Biologia como voluntária durante a pandemia, em 2020, e no ano seguinte. Como já estagia em unidade de saúde, ela busca organizar o horário com o objetivo de manter o sábado disponível para realizar a atividade que a encanta. “Eu gosto de ver os olhinhos dos alunos brilhando pra mim depois que entenderam o assunto que eu expliquei. A primeira vez que eu recebi um elogio, eu falei que nunca mais iria querer sair daquele lugar”.
Histórica desigualdade
Pesquisador da área de educação, o professor Thiago Santos, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), contextualiza que a situação de comunidades, como a do Ibura, pode simbolizar as desigualdades que ocorrem no país, marcado por uma lógica historicamente racista, com pessoas colocadas à margem e empurradas para condições precárias de sobrevivência, incluindo a falta de acesso à educação.
Isso explicaria o fato de a comunidade ter que buscar se organizar por si própria. Além disso, as pessoas seriam levadas a não entender que têm direitos garantidos também vítimas de uma lógica da pobreza e escassez de serviços. “O Estado deve surgir como entidade forte para a superação de um panorama de desigualdade (…). É a consciência da possibilidade do acesso ao direito que faz com que os sujeitos queiram ter o direito”, diz o pesquisador, que é negro, nascido e criado em favelas de Peixinhos, na cidade de Olinda (PE), e Frei Damião, em Abreu e Lima (PE).
“Por meio da educação, eu tive a possibilidade de perceber que a minha vida poderia mudar e, consequentemente a vida dos sujeitos que moravam na mesma favela onde eu cresci. Majoritariamente, quando eu falava que morava na favela, as pessoas tinham medo de chegar perto de mim”, exemplifica o pesquisador. Apesar dos preconceitos que vivenciou no caminho, ele diz que foi na favela que aprendeu a respeitar as pessoas e a “ser gente”.
“Eu trago para os meus alunos a conscientização de que não é sobre a discriminação do ambiente, onde os sujeitos estão, que vai definir o que eles podem ou não ser, mas é a possibilidade do acesso à educação que vai diferenciá-los enquanto sujeitos que têm ou não a consciência desse direito”. Por isso, ele considera que propor pré-vestibulares gratuitos em comunidades é também uma ferramenta para a superação das desigualdades.
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Inca quer dobrar número de voluntários e flexiona horário da atividade
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23 de janeiro de 2025O Instituto Nacional de Câncer (Inca) – órgão que, além do tratamento, realiza pesquisas e coordena ações de prevenção à doença – espera dobrar o corpo de voluntariado em 2025. Para isso, o instituto ligado ao Ministério da Saúde decidiu flexibilizar o horário de atuação dos voluntários.
As quatro horas semanais, de segunda-feira a sexta-feira, poderão ser divididas conforme disponibilidade do voluntário. A direção do INCAvoluntário, área de ações sociais do centro de excelência, entende que a flexibilização será capaz de atrair mais candidatos para o trabalho solidário, principalmente entre os que têm um emprego.
“Quem trabalha contratado por uma empresa, mesmo que em esquema de home office [teletrabalho], tem a agenda obviamente mais presa que profissionais autônomos”, diz a gerente-geral do INCAvoluntário, Fernanda Vieira.
“Por isso, resolvemos flexibilizar a carga horária e, também, porque precisamos de mais pessoas em 2025. Temos muito a fazer pelos pacientes do Instituto”, completou.
Inscrições
As inscrições são feitas pelo site do INCAvoluntário até o dia 20 de fevereiro. O Instituto conta atualmente com 220 voluntários e espera conseguir mais 200. As ações de voluntariado são feitas nos quatro hospitais na cidade do Rio de Janeiro e também em atividades fora do ambiente hospitalar.
Além da disponibilidade de quatro horas semanais, são pré-requisitos para o trabalho voluntário ser maior de 18 anos, respeitar a neutralidade religiosa das atividades do INCAvoluntário e não ser profissional nem aluno da área de saúde. Se houver histórico pessoal de câncer ou de algum familiar, é preciso estar há um ano, no mínimo, na fase de controle.
Para Fernanda Vieira, quem se voluntaria encontra mais sentido na vida. “Quem sente o gostinho do voluntariado se transforma na vida pessoal e também, claro, no trabalho”, diz.
O trabalho realizado pelo corpo de voluntariado inclui ações de humanização nos hospitais, triagem de doações, organização de estoques e dar aulas de artesanato e idiomas, por exemplo. As ações sociais incluem apresentação de teatro para crianças e levar pacientes e familiares para programas culturais e passeios por pontos turísticos.
Em 2024, mais de 14 mil pacientes foram beneficiados. A instituição distribuiu mais de 5,6 mil bolsas de doação com itens como leite em pó, fraldas, itens de higiene pessoal e perucas.
No ano passado, o INCAvoluntário criou o bolsa-cartão, uma forma de facilitar a distribuição de doações para pacientes e familiares, entregue a 5,9 mil pessoas, representando quase R$ 895 mil.
“Esses números não são apenas estatísticas, eles representam vidas tocadas, famílias amparadas e sonhos realizados”, diz a gerente do INCAvoluntário.
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Cinema brasileiro comemora indicações de Ainda Estou aqui ao Oscar
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23 de janeiro de 2025As três indicações de Ainda Estou Aqui ao Oscar – melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz – foram muito celebradas no Brasil. De atrizes consagradas a críticos de cinema, de famosos a anônimos, não faltou quem ficasse feliz com o grande feito deste filme brasileiro, dirigido por Walter Salles.
Uma delas foi a atriz Fernanda Montenegro, que já foi indicada ao Oscar de melhor atriz em 1999, por Central do Brasil, filme que também teve direção de Salles. Desta vez, ela tem uma razão ainda mais especial para celebrar: a indicada ao Oscar de melhor atriz neste ano de 2025 foi sua filha Fernanda Torres, que interpretou a protagonista Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui.
“Eu, Fernanda Montenegro e Fernando Torres – onde quer que ele esteja – estamos felizes e realizados, em estado de aleluia, pelas indicações de Fernanda Torres e Walter Salles ao importante prêmio do Oscar. Um ganho cultural para o Brasil. Meu coração de mãe em estado de graça”, escreveu nas redes sociais.
Feito inédito
Em entrevista à Agência Brasil, o crítico de cinema Chico Fireman, sócio na distribuidora Michiko Filmes, responsável pelo lançamento no Brasil do filme Sol de Inverno, destacou o fato de Ainda Estou Aqui ter conquistado um feito inédito: foi a primeira vez que um filme brasileiro conquistou indicação na categoria de melhor filme, em 97 anos do prêmio.
“É imenso para o Brasil e para o cinema brasileiro. Joga os holofotes para nossa arte como nunca aconteceu. Estamos falando de visibilidade e não de importância em si. O cinema brasileiro não precisa do aval internacional, mas quando ele vem ajuda e muito. As pessoas vão se interessar mais pelo filme, pelo diretor, pela atriz e pelos filmes brasileiros como um todo. Coloca a gente no mapa de uma outra forma, com uma outra projeção”, defende.
O crítico ressaltou que a conquista se torna ainda mais impactante porque o enredo ajuda a trazer reflexões sobre as violências provocadas pela ditadura militar brasileira. “As indicações, de uma certa maneira, também são por causa disso. O tema político, tão universal neste momento da história do mundo, tem tocado muito as pessoas, inclusive fora do país”.
Para Fireman, também foi muito simbólica a indicação de Fernanda Torres ao Oscar de melhor atriz, feito que já havia sido conquistado por sua mãe. “É um ciclo completo fechado”.
Um marco
Já para Sérgio Machado, diretor e roteirista de filmes como Cidade Baixa e Abril Despedaçado, o filme representa um marco para a cultura brasileira.
“Vi o Ainda Estou Aqui nascer. É um marco no cinema e na cultura brasileira. Não apenas pelas indicações, que são importantíssimas, nem pelos prêmios que estão vindo e virão muito mais. Mas porque marca um reencontro dos brasileiros com os nossos filmes. E que lindo ver isso acontecer com uma obra que trata de assuntos tão fundamentais e que revisita o nosso passado sombrio. Ver o Waltinho, a Nanda e a equipe maravilhosa que fez o filme – amigos tão queridos – tendo o reconhecimento que merecem me traz uma felicidade que não consigo nem descrever”, comemora.
“Essas indicações e a marca histórica de o Brasil integrar a categoria de melhor filme no Oscar são de mérito da obra e atuação de Walter Salles e Fernanda Torres, grandes representantes da riqueza cultural do Brasil na cinematografia mundial e devem ser celebrados por toda a indústria audiovisual brasileira. É um marco de valorização da nossa indústria e reconhecimento da qualidade de nosso cinema. Viva Ainda Estou Aqui e viva o cinema brasileiro!”, celebra Joana Henning, CEO do Estúdio Escarlate, responsáveis por filmes como Monica e Sequestro do Voo 375.
Copa do Mundo
Em entrevista à Agência Brasil, Renata de Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, lembrou que a primeira apresentação do filme no Brasil aconteceu dentro do festival, ocorrido em outubro do ano passado.
“Isso [a indicação ao Oscar] é uma maravilha não só para o filme, mas para todo o cinema brasileiro, até para o cinema latino-americano. Quando eu vi o filme, achei que ele ia fazer história mesmo. Conversei com o Walter e falei a ele sobre a complexidade dos personagens. São muitos personagens e esse não é um filme simples de se fazer. A gente está fazendo história e ele ter escolhido a Mostra para a estreia do filme foi muito bacana. A gente ficou muito emocionada. Era um filme que precisava ser feito”, destaca.
“Além da excelência do filme – porque o Walter é um diretor que busca sempre a excelência e que é perfeccionista – tem esse fato que é histórico: um filme que traz temas que ainda são muito sobre o passado, mas que são temas que são também sobre o nosso presente e o nosso futuro”, acrescentou.
Para a diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme também teve o poder de resgatar o orgulho brasileiro e aquele clima de torcida, com as pessoas comemorando como se fosse uma vitória da seleção brasileira em Copa do Mundo.
“Essas indicações provocaram essa emoção toda e a gente vê a cultura e o cinema nesse lugar do esporte, que tem muito esse lugar da torcida. O filme conquistou esse lugar de orgulho, ainda mais por tudo o que o Brasil passou recentemente, com as perseguições contra o cinema e a cultura brasileira. Agora vemos o cinema sair desse lugar e ir para um lugar onde as pessoas têm orgulho. É muito bonito a gente colocar a nossa cultura, o nosso cinema, nesse lugar também”.
Indicado
Ainda Estou Aqui é um filme baseado em uma autobiografia, de mesmo nome, escrita por Marcelo Rubens Paiva. A trama retrata o desaparecimento do político Rubens Paiva, pai de Marcelo Rubens Paiva, durante a ditadura militar brasileira.
O foco da trama é Eunice Paiva. Casada com Rubens Paiva e mãe de cinco filhos, ela passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso, torturado e assassinado por agentes da ditadura.
Na manhã desta quinta-feira (23), o filme recebeu três indicações. A primeira delas foi ao Oscar de melhor filme estrangeiro, repetindo o feito de O Pagador de Promessas (1963), O Quatrilho (1996), O que é Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999). Neste ano, o filme concorre com A Garota da Agulha (Dinamarca), Emilia Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia).
Na indicação de melhor atriz, Fernanda Torres concorre com Cynthia Erivo, Karla Sofía Gascón, Mikey Madison e Demi Moore. Já na categoria de melhor filme, os concorrentes são Anora, O Brutalista, Um Completo Desconhecido, Conclave, Duna: Parte 2, Emilia Pérez, Nickel Boys, A Substância e Wicked.
“Agora, tudo é batalha. Em filme internacional, Emilia Pérez é o franco favorito. Teve 13 indicações, quase um recorde geral – e um recorde para filmes estrangeiros. Então é meio complicado enfrentar esse favoritismo. Tem uma reação contrária a este filme pela comunidade LGBT e dos mexicanos, o que pode nos favorecer se o negócio ficar muito grande. Mas é difícil mensurar isso”, explicou o crítico Chico Fireman.
“Em melhor atriz, a Demi Moore tem uma narrativa de comeback muito forte e o filme é popular mas, ao mesmo tempo, estar num body horror (A Substância) não deixa o caminho tão fácil assim. Nisso, a Fernanda, uma interpretação mais clássica, sóbria, unanimemente elogiada, pode surpreender. Mas é raríssimo acontecer um prêmio para uma estrangeira nesta categoria. Foram apenas duas em 97 anos de Oscar. Em melhor filme, a indicação acho que já é um grande prêmio. Mas, enfim, agora é uma nova votação. As coisas ficam meio zeradas”, acrescentou.
Para Renata de Almeida, o filme tem chances de conquistar o primeiro Oscar brasileiro.
“Se está aí concorrendo é porque tem chance. Acho que tem chance como filme estrangeiro. Na categoria de melhor filme, acho que é mais difícil. Mas a Fernanda também tem chance. Ela está fantástica no filme, e além disso, ela tem esse carisma todo. E eles estão se dedicando muito, muito, para a promoção do filme [no exterior]. Mas eu acho que a gente já tem que comemorar desde hoje porque eles fizeram um filme lindo”.
*Colaborou Eduardo Correia
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Candidatos podem se inscrever no Revalida de 27 a 31 de janeiro
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3 horas atrásem
23 de janeiro de 2025Postado por
Daniella Almeida - Repórter da Agência BrasilAs inscrições para a primeira etapa do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) de 2025 podem ser feitas a partir de segunda-feira (27) e se estendem até as 23 horas e 59 minutos de 31 de janeiro, no horário de Brasília.
O edital da edição 2025/1 do Revalida foi publicado nesta semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação.
A inscrição para a primeira etapa deve ser feita online pelo Sistema Revalida e custa R$ 410. O pagamento da taxa de inscrição deve ser realizado pela Guia de Recolhimento da União (GRU Cobrança) até 5 de fevereiro, em qualquer agência bancária ou casa lotérica.
No período da inscrição, o participante deve informar se precisa de atendimento especializado. Nesse caso, será necessário anexar, no Sistema Revalida, a documentação legível que comprove a condição que justifique o atendimento especial.
O documento deve informar o nome completo do solicitante; o diagnóstico com a descrição da condição que motivou a solicitação e o código correspondente à Classificação Internacional de Doença (CID 10); bem como a assinatura e a identificação do profissional competente, com respectivo registro do Conselho Regional de Medicina (CRM), do Ministério da Saúde (RMS) ou de órgão competente.
A solicitação de tratamento por nome social também deve ser realizada no momento da inscrição, no Sistema Revalida, pelo participante que se identifica e quer ser reconhecido socialmente por sua identidade de gênero, independentemente do nome civil.
Calendário
O cartão de confirmação da inscrição do candidato estará disponível no sistema em 10 de março. O documento contém o endereço do local de prova, número de inscrição, data e horários do exame.
As provas serão aplicadas nos dois turnos em 23 de março, em Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Em 26 de março, serão divulgadas as versões preliminares dos gabaritos e será a primeira fase de recursos.
Entre 24 e 29 de março, o participante da primeira etapa do Revalida 2025/1 deverá enviar documentação comprobatória de conclusão de curso do exterior (diploma, certificado ou declaração) também pelo Sistema Revalida.
Se a documentação foi aprovada em edições anteriores do Revalida, não precisará ser enviada novamente. O sistema do exame fará a homologação de forma automática.
O resultado final da primeira etapa do Revalida será conhecido em 3 de junho.
Revalida
O Revalida é direcionado tanto aos estrangeiros formados em medicina fora do Brasil quanto aos brasileiros que se graduaram em outro país e querem exercer a profissão em território nacional e, por isso, precisam revalidar o diploma no Brasil.
O exame é aplicado pelo Inep desde 2011, enquanto a revalidação é de responsabilidade de instituições de educação superior públicas que aderirem ao exame.
As provas são divididas em duas etapas (teórica e prática), que abordam, de forma interdisciplinar, as cinco grandes áreas da medicina: clínica médica, cirurgia, ginecologia e obstetrícia, pediatria, e medicina da família e comunidade (saúde coletiva).
As referências são os atendimentos no contexto de atenção primária, ambulatorial, hospitalar, de urgência, de emergência e comunitária, com base na Diretriz Curricular Nacional do Curso de Medicina, nas normativas associadas e na legislação profissional.
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