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O que o Globo de Ouro de Fernanda Torres mostra sobre atos golpistas

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O Globo de Ouro, da atriz Fernanda Torres, chamou novamente a atenção para o filme que vem batendo recordes de bilheteria e fazendo sucesso tanto no Brasil quando fora do país. A premiação por melhor atriz em Ainda Estou Aqui ocorre na semana em que os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 completam dois anos. Se por um lado a aceitação do filme mostra o interesse da população pelo que ocorreu na ditadura e a importância da preservação da memória e da reparação às vítimas e às famílias pelos crimes cometidos no período, os atos recentes são, segundo especialistas entrevistados pela Agência Brasil, a prova de que o Brasil ainda vive uma democracia frágil.

Para a historiadora Gabrielle Abreu, o filme traz a oportunidade de a sociedade brasileira discutir a ditadura por meio da arte. “Acho que a gente está vivendo uma oportunidade muito especial de sermos confrontados coletivamente, enquanto sociedade, com essa temática e por meio da arte, da cultura, de uma personalidade como a Fernanda Torres, o que facilita muito que o tema seja debatido e disseminado”, diz Abreu que é mestre em história comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trabalhou no Arquivo Nacional e é a atual gestora de Memória no Instituto Marielle Franco.

Ainda Estou Aqui conta a história da família Paiva, que em 1971, com o endurecimento da ditadura militar, precisa enfrentar o desaparecimento e assassinato de Rubens Paiva, engenheiro civil e político brasileiro. A história é contada do ponto de vista de quem fica, a esposa Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres.


Rio de Janeiro (RJ), 03/04/2024 – A diretora do Arquivo Nacional, Gabrielle Abreu durante sessão de fotos à Agência Brasil, na instituição, no centro do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 03/04/2024 – A diretora do Arquivo Nacional, Gabrielle Abreu durante sessão de fotos à Agência Brasil, na instituição, no centro do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Rio de Janeiro – A diretora do Arquivo Nacional, Gabrielle Abreu, durante entrevista – Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

Para Gabrielle Abreu, o filme tem função importante: “Ele tem essa função social, esse papel social de nos teletransportar àquela época e fazer com que as pessoas rechacem esse período, o conheçam, entendam um pouco porque hoje a gente enfrenta esses ataques sucessivos à democracia e passem a repelir o período, a ideia de uma ditadura, de autoritarismo, de censura, de limitação de direitos e, naturalmente, que isso inspire em nós, na sociedade brasileira, uma sensação de apreço à democracia”, defende.

Negação da ditadura 

Os desafios, no entanto, ainda são muitos. Segundo a historiadora Renata Melo, que é diretora-geral da Seção Regional da Associação Nacional de História (ANPUH) no Distrito Federal e vice-coordenadora do NEAB – Núcleo de Estudos Afro Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), os impactos da ditadura vêm sendo negados por parcela da população que chega a enaltecê-la. O ato antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 foi uma das materializações desse pensamento.  


Brasília (DF), 07/01/2025 - Historiadora Renata Melo. O que o Globo de Ouro de Fernanda Torres mostra sobre os atos golpistas. Foto: Luan Gramacho/Divulgação
Brasília (DF), 07/01/2025 - Historiadora Renata Melo. O que o Globo de Ouro de Fernanda Torres mostra sobre os atos golpistas. Foto: Luan Gramacho/Divulgação

Brasília – Historiadora Renata Melo fala sobre o que o Globo de Ouro de Fernanda Torres mostra sobre os atos golpistas – Foto Luan Gramacho/Divulgação

“Nos últimos anos, vivenciamos uma reiterada negação de fatos históricos que aconteceram no Brasil, o que traz resultados negativos para boa parte da sociedade, mesmo para os que não compreenderam, não vivenciaram aquele momento histórico, que foi a ditadura e os impactos que ocasionaram na sociedade”, diz.

De acordo com Melo, o filme “traz à tona uma memória e uma parte da sociedade que ainda luta para que ela não seja lembrada e, inclusive, que seja negada. Negar que a ditadura aconteceu, negar os impactos negativos dessa ditadura para várias famílias, negar, inclusive, entre aspas, os vistos como subversivos, como aconteceu com aquela família, com o desaparecimento e tudo que impactou na sua trajetória”.

Abreu complementa: “A gente vive num país que lida com certa dificuldade em relação a memórias recentes e mais distantes, do ponto de vista temporal, cronológico. Então, por mais que a gente ainda esteja muito próximo do período da ditadura militar, são poucas décadas desde o fim formal do regime, a gente ainda vive numa sociedade com resquícios, com várias heranças desse passado ditatorial. E todas elas muito nocivas, muito negativas e que dificultam o avançar da nossa democracia, a saúde da nossa democracia, haja visto os ataques recentes a ela, que tiveram seu ápice no 8 de janeiro”.

Memória, verdade e justiça

A ditadura militar se estendeu de 1964 a 1985. O período em que o país foi controlado por militares é marcado por repressão, censura à imprensa, restrição aos direitos políticos e perseguição aos opositores do regime. A Comissão Nacional da Verdade reconheceu 434 mortes e desaparecimentos durante a ditadura militar. A Comissão Camponesa da Verdade também reconheceu o impacto da ditadura para os povos do campo e apresentou, em 2015, um relatório que lista 1.196 camponeses e apoiadores mortos ou desaparecidos entre 1961 e 1988. 

Segundo o integrante do coletivo Filhos e Netos Memória Verdade e Justiça, Leo Alves, que compõe a direção executiva da Coalizão Brasil Memória Verdade Justiça Reparação e Democracia, ainda falta ao Brasil a chamada justiça de transição. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), justiça de transição é o conjunto de processos e mecanismos relacionados com os esforços de uma sociedade para superar um legado de graves violações de direitos humanos cometidos em larga escala no passado, a fim de assegurar responsabilização, administração da justiça e reconciliação.

“Talvez a mais fundamental medida reparatória seja a justiça, é a condenação dos graves violadores de direitos humanos agentes de Estado, inclusive da repressão da época da ditadura e muitos civis também”, defende. “Não temos condenação de torturadores e isso é muito ruim para qualquer país. É isso, memória, verdade, justiça”.


Brasília (DF), 07/01/2025 - Léo Alves. O que o Globo de Ouro de Fernanda Torres mostra sobre os atos golpistas. Foto: Aline Deluna/Divulgação
Brasília (DF), 07/01/2025 - Léo Alves. O que o Globo de Ouro de Fernanda Torres mostra sobre os atos golpistas. Foto: Aline Deluna/Divulgação

Brasília – Léo Alves, do coletivo Filhos e Netos Memória Verdade e Justiça – Foto Aline Deluna/Divulgação

Alves é neto de Mário Alves de Souza Vieira, que foi jornalista e dirigente do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário um dos desaparecidos pela ditadura em 1970. Alves cresceu ao lado de mulheres como a própria mãe e a avó, que lutavam e seguem lutando, como fez Eunice em Ainda Estou Aqui, por reparação. “É isso que o filme busca, de certa forma, retratar com a Eunice. A Eunice é isso, essa mulherada aí que lutava pela anistia [aos presos e perseguidos políticos] nos anos 70 e que mobilizou toda uma sociedade”.

Ele está otimista com a repercussão do filme. “O meu desejo para 2025, a partir de agora, é que esse filme abra as portas para a construção adequada da memória da ditadura militar no Brasil”.

Arte e sentimentos

Para o historiador e integrante do Coletivo RJ por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia Paulo Cesar Azevedo Ribeiro, a preservação da memória é importante para que crimes como os cometidos na ditadura não se repitam. Segundo ele, o ato golpista de 8 de janeiro mostra que a democracia ainda é frágil no país e precisa ser cuidada. “Nós não temos aqui exatamente uma democracia real e justa socialmente e economicamente”, diz. “Estamos muito preocupados com a manutenção da democracia e com o alargamento e aprofundamento dela para uma democracia real em que se combata a fome, as desigualdades sociais e todos tenhamos direito a uma vida digna”, acrescenta.


Brasília (DF), 07/01/2025 - Paulo Cesar. O que o Globo de Ouro de Fernanda Torres mostra sobre os atos golpistas. Foto: Paulo Cesar/Arquivo Pessoal
Brasília (DF), 07/01/2025 - Paulo Cesar. O que o Globo de Ouro de Fernanda Torres mostra sobre os atos golpistas. Foto: Paulo Cesar/Arquivo Pessoal

Brasília – O historiador Paulo Cesar Azevedo Ribeiro – Foto Paulo Cesar/Arquivo Pessoal

De acordo com Ribeiro, pela arte, o filme fez a história da família Paiva e a discussão sobre a ditadura chegar onde trabalhos acadêmicos não chegam. “O papel do cinema, da literatura, da poesia, da música, do teatro é muito importante. Nós, que somos pesquisadores, historiadores, cientistas sociais, produzimos monografias, dissertações, teses. Mas temos uma linguagem fria, nós traduzimos em quantidades e qualidades, fazemos análises, hipótese de trabalho, tentamos comprovar com documentos, entrevistas, depoimentos. Os artistas conseguem muito mais, conseguem comover as pessoas por meio dos sentimentos”.  

Fonte: Agência EBC de Comunicação

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Inca quer dobrar número de voluntários e flexiona horário da atividade

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O Instituto Nacional de Câncer (Inca) – órgão que, além do tratamento, realiza pesquisas e coordena ações de prevenção à doença – espera dobrar o corpo de voluntariado em 2025. Para isso, o instituto ligado ao Ministério da Saúde decidiu flexibilizar o horário de atuação dos voluntários.

As quatro horas semanais, de segunda-feira a sexta-feira, poderão ser divididas conforme disponibilidade do voluntário. A direção do INCAvoluntário, área de ações sociais do centro de excelência, entende que a flexibilização será capaz de atrair mais candidatos para o trabalho solidário, principalmente entre os que têm um emprego.  

“Quem trabalha contratado por uma empresa, mesmo que em esquema de home office [teletrabalho], tem a agenda obviamente mais presa que profissionais autônomos”, diz a gerente-geral do INCAvoluntário, Fernanda Vieira.

“Por isso, resolvemos flexibilizar a carga horária e, também, porque precisamos de mais pessoas em 2025. Temos muito a fazer pelos pacientes do Instituto”, completou.

Inscrições

As inscrições são feitas pelo site do INCAvoluntário até o dia 20 de fevereiro. O Instituto conta atualmente com 220 voluntários e espera conseguir mais 200. As ações de voluntariado são feitas nos quatro hospitais na cidade do Rio de Janeiro e também em atividades fora do ambiente hospitalar.

Além da disponibilidade de quatro horas semanais, são pré-requisitos para o trabalho voluntário ser maior de 18 anos, respeitar a neutralidade religiosa das atividades do INCAvoluntário e não ser profissional nem aluno da área de saúde. Se houver histórico pessoal de câncer ou de algum familiar, é preciso estar há um ano, no mínimo, na fase de controle.

Para Fernanda Vieira, quem se voluntaria encontra mais sentido na vida. “Quem sente o gostinho do voluntariado se transforma na vida pessoal e também, claro, no trabalho”, diz.

O trabalho realizado pelo corpo de voluntariado inclui ações de humanização nos hospitais, triagem de doações, organização de estoques e dar aulas de artesanato e idiomas, por exemplo. As ações sociais incluem apresentação de teatro para crianças e levar pacientes e familiares para programas culturais e passeios por pontos turísticos.

Em 2024, mais de 14 mil pacientes foram beneficiados. A instituição distribuiu mais de 5,6 mil bolsas de doação com itens como leite em pó, fraldas, itens de higiene pessoal e perucas.

No ano passado, o INCAvoluntário criou o bolsa-cartão, uma forma de facilitar a distribuição de doações para pacientes e familiares, entregue a 5,9 mil pessoas, representando quase R$ 895 mil. 

“Esses números não são apenas estatísticas, eles representam vidas tocadas, famílias amparadas e sonhos realizados”, diz a gerente do INCAvoluntário.


Fonte: Agência EBC de Comunicação

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Cinema brasileiro comemora indicações de Ainda Estou aqui ao Oscar

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As três indicações de Ainda Estou Aqui ao Oscar – melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz – foram muito celebradas no Brasil. De atrizes consagradas a críticos de cinema, de famosos a anônimos, não faltou quem ficasse feliz com o grande feito deste filme brasileiro, dirigido por Walter Salles.

Uma delas foi a atriz Fernanda Montenegro, que já foi indicada ao Oscar de melhor atriz em 1999, por Central do Brasil, filme que também teve direção de Salles. Desta vez, ela tem uma razão ainda mais especial para celebrar: a indicada ao Oscar de melhor atriz neste ano de 2025 foi sua filha Fernanda Torres, que interpretou a protagonista Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui.

“Eu, Fernanda Montenegro e Fernando Torres – onde quer que ele esteja – estamos felizes e realizados, em estado de aleluia, pelas indicações de Fernanda Torres e Walter Salles ao importante prêmio do Oscar. Um ganho cultural para o Brasil. Meu coração de mãe em estado de graça”, escreveu nas redes sociais.

Feito inédito

Em entrevista à Agência Brasil, o crítico de cinema Chico Fireman, sócio na distribuidora Michiko Filmes, responsável pelo lançamento no Brasil do filme Sol de Inverno, destacou o fato de Ainda Estou Aqui ter conquistado um feito inédito: foi a primeira vez que um filme brasileiro conquistou indicação na categoria de melhor filme, em 97 anos do prêmio.

“É imenso para o Brasil e para o cinema brasileiro. Joga os holofotes para nossa arte como nunca aconteceu. Estamos falando de visibilidade e não de importância em si. O cinema brasileiro não precisa do aval internacional, mas quando ele vem ajuda e muito. As pessoas vão se interessar mais pelo filme, pelo diretor, pela atriz e pelos filmes brasileiros como um todo. Coloca a gente no mapa de uma outra forma, com uma outra projeção”, defende.

O crítico ressaltou que a conquista se torna ainda mais impactante porque o enredo  ajuda a trazer reflexões sobre as violências provocadas pela ditadura militar brasileira. “As indicações, de uma certa maneira, também são por causa disso. O tema político, tão universal neste momento da história do mundo, tem tocado muito as pessoas, inclusive fora do país”.

Para Fireman, também foi muito simbólica a indicação de Fernanda Torres ao Oscar de melhor atriz, feito que já havia sido conquistado por sua mãe. “É um ciclo completo fechado”.

Um marco

Já para Sérgio Machado, diretor e roteirista de filmes como Cidade Baixa e Abril Despedaçado, o filme representa um marco para a cultura brasileira.

“Vi o Ainda Estou Aqui nascer. É um marco no cinema e na cultura brasileira. Não apenas pelas indicações, que são importantíssimas, nem pelos prêmios que estão vindo e virão muito mais. Mas porque marca um reencontro dos brasileiros com os nossos filmes. E que lindo ver isso acontecer com uma obra que trata de assuntos tão fundamentais e que revisita o nosso passado sombrio. Ver o Waltinho, a Nanda e a equipe maravilhosa que fez o filme – amigos tão queridos – tendo o reconhecimento que merecem me traz uma felicidade que não consigo nem descrever”, comemora.

“Essas indicações e a marca histórica de o Brasil integrar a categoria de melhor filme no Oscar são de mérito da obra e atuação de Walter Salles e Fernanda Torres, grandes representantes da riqueza cultural do Brasil na cinematografia mundial e devem ser celebrados por toda a indústria audiovisual brasileira. É um marco de valorização da nossa indústria e reconhecimento da qualidade de nosso cinema. Viva Ainda Estou Aqui e viva o cinema brasileiro!”, celebra Joana Henning, CEO do Estúdio Escarlate, responsáveis por filmes como Monica e Sequestro do Voo 375.

Copa do Mundo

Em entrevista à Agência Brasil, Renata de Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, lembrou que a primeira apresentação do filme no Brasil aconteceu dentro do festival, ocorrido em outubro do ano passado.

“Isso [a indicação ao Oscar] é uma maravilha não só para o filme, mas para todo o cinema brasileiro, até para o cinema latino-americano. Quando eu vi o filme, achei que ele ia fazer história mesmo. Conversei com o Walter e falei a ele sobre a complexidade dos personagens. São muitos personagens e esse não é um filme simples de se fazer. A gente está fazendo história e ele ter escolhido a Mostra para a estreia do filme foi muito bacana. A gente ficou muito emocionada. Era um filme que precisava ser feito”, destaca.

“Além da excelência do filme – porque o Walter é um diretor que busca sempre a excelência e que é perfeccionista – tem esse fato que é histórico: um filme que traz temas que ainda são muito sobre o passado, mas que são temas que são também sobre o nosso presente e o nosso futuro”, acrescentou.

Para a diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme também teve o poder de resgatar o orgulho brasileiro e aquele clima de torcida, com as pessoas comemorando como se fosse uma vitória da seleção brasileira em Copa do Mundo.

“Essas indicações provocaram essa emoção toda e a gente vê a cultura e o cinema nesse lugar do esporte, que tem muito esse lugar da torcida. O filme conquistou esse lugar de orgulho, ainda mais por tudo o que o Brasil passou recentemente, com as perseguições contra o cinema e a cultura brasileira. Agora vemos o cinema sair desse lugar e ir para um lugar onde as pessoas têm orgulho. É muito bonito a gente colocar a nossa cultura, o nosso cinema, nesse lugar também”.

Indicado

Ainda Estou Aqui é um filme baseado em uma autobiografia, de mesmo nome, escrita por Marcelo Rubens Paiva. A trama retrata o desaparecimento do político Rubens Paiva, pai de Marcelo Rubens Paiva, durante a ditadura militar brasileira.

O foco da trama é Eunice Paiva. Casada com Rubens Paiva e mãe de cinco filhos, ela passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso, torturado e assassinado por agentes da ditadura.

Na manhã desta quinta-feira (23), o filme recebeu três indicações. A primeira delas foi ao Oscar de melhor filme estrangeiro, repetindo o feito de O Pagador de Promessas (1963), O Quatrilho (1996), O que é Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999). Neste ano, o filme concorre com A Garota da Agulha (Dinamarca), Emilia Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia).

Na indicação de melhor atriz, Fernanda Torres concorre com Cynthia Erivo, Karla Sofía Gascón, Mikey Madison e Demi Moore. Já na categoria de melhor filme, os concorrentes são Anora, O Brutalista, Um Completo Desconhecido, Conclave, Duna: Parte 2, Emilia Pérez, Nickel Boys, A Substância e Wicked.

“Agora, tudo é batalha. Em filme internacional, Emilia Pérez é o franco favorito. Teve 13 indicações, quase um recorde geral – e um recorde para filmes estrangeiros. Então é meio complicado enfrentar esse favoritismo. Tem uma reação contrária a este filme pela comunidade LGBT e dos mexicanos, o que pode nos favorecer se o negócio ficar muito grande. Mas é difícil mensurar isso”, explicou o crítico Chico Fireman.

“Em melhor atriz, a Demi Moore tem uma narrativa de comeback muito forte e o filme é popular mas, ao mesmo tempo, estar num body horror (A Substância) não deixa o caminho tão fácil assim. Nisso, a Fernanda, uma interpretação mais clássica, sóbria, unanimemente elogiada, pode surpreender. Mas é raríssimo acontecer um prêmio para uma estrangeira nesta categoria. Foram apenas duas em 97 anos de Oscar. Em melhor filme, a indicação acho que já é um grande prêmio. Mas, enfim, agora é uma nova votação. As coisas ficam meio zeradas”, acrescentou.

Para Renata de Almeida, o filme tem chances de conquistar o primeiro Oscar brasileiro. 

“Se está aí concorrendo é porque tem chance. Acho que tem chance como filme estrangeiro. Na categoria de melhor filme, acho que é mais difícil. Mas a Fernanda também tem chance. Ela está fantástica no filme, e além disso, ela tem esse carisma todo. E eles estão se dedicando muito, muito, para a promoção do filme [no exterior]. Mas eu acho que a gente já tem que comemorar desde hoje porque eles fizeram um filme lindo”.

 

*Colaborou Eduardo Correia

Fonte: Agência EBC de Comunicação

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Candidatos podem se inscrever no Revalida de 27 a 31 de janeiro

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As inscrições para a primeira etapa do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) de 2025 podem ser feitas a partir de segunda-feira (27) e se estendem até as 23 horas e 59 minutos de 31 de janeiro, no horário de Brasília.

O edital da edição 2025/1 do Revalida foi publicado nesta semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação.

A inscrição para a primeira etapa deve ser feita online pelo Sistema Revalida e custa R$ 410. O pagamento da taxa de inscrição deve ser realizado pela Guia de Recolhimento da União (GRU Cobrança) até 5 de fevereiro, em qualquer agência bancária ou casa lotérica.

No período da inscrição, o participante deve informar se precisa de atendimento especializado. Nesse caso, será necessário anexar, no Sistema Revalida, a documentação legível que comprove a condição que justifique o atendimento especial.

O documento deve informar o nome completo do solicitante; o diagnóstico com a descrição da condição que motivou a solicitação e o código correspondente à Classificação Internacional de Doença (CID 10); bem como a assinatura e a identificação do profissional competente, com respectivo registro do Conselho Regional de Medicina (CRM), do Ministério da Saúde (RMS) ou de órgão competente.

A solicitação de tratamento por nome social também deve ser realizada no momento da inscrição, no Sistema Revalida, pelo participante que se identifica e quer ser reconhecido socialmente por sua identidade de gênero, independentemente do nome civil.

Calendário

O cartão de confirmação da inscrição do candidato estará disponível no sistema em 10 de março. O documento contém o endereço do local de prova, número de inscrição, data e horários do exame.

As provas serão aplicadas nos dois turnos em 23 de março, em Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Em 26 de março, serão divulgadas as versões preliminares dos gabaritos e será a primeira fase de recursos.

Entre 24 e 29 de março, o participante da primeira etapa do Revalida 2025/1 deverá enviar documentação comprobatória de conclusão de curso do exterior (diploma, certificado ou declaração) também pelo Sistema Revalida.

Se a documentação foi aprovada em edições anteriores do Revalida, não precisará ser enviada novamente. O sistema do exame fará a homologação de forma automática.

O resultado final da primeira etapa do Revalida será conhecido em 3 de junho.

Revalida

O Revalida é direcionado tanto aos estrangeiros formados em medicina fora do Brasil quanto aos brasileiros que se graduaram em outro país e querem exercer a profissão em território nacional e, por isso, precisam revalidar o diploma no Brasil.

O exame é aplicado pelo Inep desde 2011, enquanto a revalidação é de responsabilidade de instituições de educação superior públicas que aderirem ao exame.

As provas são divididas em duas etapas (teórica e prática), que abordam, de forma interdisciplinar, as cinco grandes áreas da medicina: clínica médica, cirurgia, ginecologia e obstetrícia, pediatria, e medicina da família e comunidade (saúde coletiva).

As referências são os atendimentos no contexto de atenção primária, ambulatorial, hospitalar, de urgência, de emergência e comunitária, com base na Diretriz Curricular Nacional do Curso de Medicina, nas normativas associadas e na legislação profissional. 

Fonte: Agência EBC de Comunicação

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